Adultização nas redes sociais:
os riscos invisíveis que ameaçam a infância.

Um guia para famílias sobre os perigos da exposição precoce online e as ferramentas práticas para garantir uma infância segura e saudável.
Fenômenos virais da internet, como as “trends”, “memes” e “lives de NPC”, trouxeram para o centro do debate familiar a “adultização” de crianças e adolescentes. A exposição a dinâmicas e conteúdos inadequados para a idade não é apenas uma tendência passageira, mas um risco real ao desenvolvimento psicológico e à segurança dos jovens, exigindo que os pais assumam um papel ativo e informado na proteção de seus filhos no ambiente digital.
A popularidade de certas tendências online, muitas vezes impulsionada por algoritmos, pode expor crianças a comportamentos que elas não têm maturidade para processar. As “trends”, usualmente caracterizadas por danças na plataforma TikTok por exemplo, normalizaram a ideia de monetizar a própria imagem em troca de presentes virtuais, expondo participantes, incluindo menores, a interações e comentários de natureza sexualizada, muitas vezes sem que percebam.
Para os pais, o primeiro passo é entender que o ambiente digital é uma extensão da vida social dos filhos. Proibir o acesso raramente é a solução mais eficaz; em vez disso, é crucial dialogar abertamente sobre o que eles consomem, quem seguem e os perigos de interagir com estranhos ou de participar de “desafios” e tendências virais sem senso crítico.
A adultização precoce acarreta consequências sérias. Psicologicamente, pode gerar ansiedade, problemas de autoimagem e uma busca incessante por validação externa. Socialmente, queima etapas fundamentais da infância, substituindo brincadeiras e aprendizados por preocupações com aparência, popularidade e desempenho online.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante o direito à dignidade, ao respeito e à proteção contra qualquer tratamento desumano, violento ou constrangedor. A exposição a conteúdos adultizados ou a dinâmicas de exploração online representa uma clara violação desses direitos fundamentais, e os pais são os primeiros guardiões dessa proteção.
A proteção eficaz combina diálogo contínuo com ações práticas. Utilize as ferramentas de controle parental disponíveis em sistemas operacionais (iOS, Android) e nos próprios aplicativos para restringir conteúdos inadequados e monitorar o tempo de tela. Configure as opções de privacidade nas redes sociais de seus filhos para que desconhecidos não possam visualizar e interagir com suas publicações. Além disso, estabeleça regras claras sobre o uso de dispositivos, como horários e locais permitidos.
Mais importante, construa um ambiente de confiança onde a criança ou o adolescente se sinta à vontade para relatar qualquer situação desconfortável ou estranha que vivencie online, sem medo de punição.
Os pais não estão sozinhos nesta tarefa. A legislação brasileira, incluindo o Marco Civil da Internet, oferece amparo. Casos de cyberbullying, assédio ou exposição não consentida de imagens podem e devem ser denunciados. É um direito da família buscar a remoção de conteúdos ofensivos e a responsabilização dos infratores.
Conhecer esses direitos é o que empodera os pais a agir. A denúncia em canais como a SaferNet ou o registro de ocorrências em delegacias especializadas são passos importantes para combater a impunidade e criar um ambiente digital mais seguro para as futuras gerações.
A tarefa de proteger as crianças na era digital é complexa, mas fundamental. Ela exige uma combinação de educação digital, diálogo aberto, uso de tecnologia a favor da família e conhecimento dos direitos que a lei garante.
O escritório CORDEIRO & MOREIRA ADVOGADOS reforça seu compromisso com a educação da sociedade, em especial com as crianças e adolescentes, fornecendo informação de qualidade para que as famílias possam tomar decisões mais seguras e proteger o bem mais valioso: o desenvolvimento saudável de seus filhos.
Este artigo possui caráter exclusivamente informativo e não constitui consultoria jurídica. A aplicação da lei a casos específicos requer a análise individual por um advogado qualificado.
Luiz Felipe de Freitas Cordeiro e Gabriel Dias Moreira
Sócios Fundadores do Escritório Cordeiro & Moreira Advogados.